quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Poesia: para desintoxicar


Poesia para desintoxicar

Queridos leitores e seguidores, estava buscando algo para uma aula diferente e dinâmica e quando menos espero surge em meu campo de visão um livro de poesias do Fernando Pessoa . Para aqueles que  me conhecem há algum tempo sabe do carinho e apreso que tenho por seus poemas e seus heterônimos. Então resolvi me deliciar com seus escritos e esquecer um pouco deste período tão intenso e cansativo para todos que fazer da docência seu trabalho. Achei propício para esta ocasião e quebrando todos os paradigmas resolvi posta pra vocês. 
Espero que gostem.


APOSTILA: Pra quem Trabalha
Aproveitar o tempo! 
Mas o que é o tempo, que eu o aproveite? 
Aproveitar o tempo! 
Nenhum dia sem linha... 
O trabalho honesto e superior... 
O trabalho à Virgílio, à Mílton... 
Mas é tão difícil ser honesto ou superior! 
É tão pouco provável ser Milton ou ser Virgílio!
Aproveitar o tempo! 
Tirar da alma os bocados precisos - nem mais nem menos - 
Para com eles juntar os cubos ajustados 
Que fazem gravuras certas na história 
(E estão certas também do lado de baixo que se não vê)... 
Pôr as sensações em castelo de cartas, pobre China dos serões, 
E os pensamentos em dominó, igual contra igual, 
E a vontade em carambola difícil.
Imagens de jogos ou de paciências ou de passatempos - 
Imagens da vida, imagens das vidas. Imagens da Vida.
Verbalismo...
Sim, verbalismo...
Aproveitar o tempo!
Não ter um minuto que o exame de consciência desconheça...
Não ter um acto indefinido nem factício...
Não ter um movimento desconforme com propósitos...
Boas maneiras da alma...
Elegância de persistir...
Aproveitar o tempo! 
Meu coração está cansado como mendigo verdadeiro. 
Meu cérebro está pronto como um fardo posto ao canto. 
Meu canto (verbalismo!) está tal como está e é triste. 
Aproveitar o tempo! 
Desde que comecei a escrever passaram cinco minutos. 
Aproveitei-os ou não? 
Se não sei se os aproveitei, que saberei de outros minutos?!
(Passageira que viajas tantas vezes no mesmo compartimento comigo 
No comboio suburbano, 
Chegaste a interessar-te por mim? 
Aproveitei o tempo olhando para ti?
Qual foi o ritmo do nosso sossego no comboio andante?
Qual foi o entendimento que não chegámos a ter? 
Qual foi a vida que houve nisto?
Que foi isto a vida?)

Aproveitar o tempo! 
Ah, deixem-me não aproveitar nada! 
Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!... 
Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa, 
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha, 
O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm outras, 
O pião do garoto, que vai a parar, 
E estremece, no mesmo movimento que o da terra, 
E oscila, no mesmo movimento que o da alma, 
E cai, como caem os deuses, no chão do Destino.
( Álvaro de Campos)
 Liberdade : Pra quem é estudante ( Fernando Pessoa )

Ai que prazer 
Não cumprir um dever, 
Ter um livro para ler 
E não fazer ! 
Ler é maçada, 
Estudar é nada. 
Sol doira 
Sem literatura 
O rio corre, bem ou mal, 
Sem edição original. 
E a brisa, essa, 
De tão naturalmente matinal, 
Como o tempo não tem pressa... 
Livros são papéis pintados com tinta. 
Estudar é uma coisa em que está indistinta 
A distinção entre nada e coisa nenhuma. 
Quanto é melhor, quanto há bruma, 
Esperar por D.Sebastião,  
Quer venha ou não ! 
Grande é a poesia, a bondade e as danças... 
Mas o melhor do mundo são as crianças, 
Flores, música, o luar, e o sol, que peca 
Só quando, em vez de criar, seca. 
Mais que isto 
É Jesus Cristo,  
Que não sabia nada de finanças 
Nem consta que tivesse biblioteca... 



Lisbon Revisited: Pra quem ta assoberbado(Álvaro de Campos )

NÃO: Não quero nada. 
Já disse que não quero nada. 
Não me venham com conclusões! 
A única conclusão é morrer. 
Não me tragam estéticas! 
Não me falem em moral! 
Tirem-me daqui a metafísica! 
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas 
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) — 
Das ciências, das artes, da civilização moderna! 
Que mal fiz eu aos deuses todos? 
Se têm a verdade, guardem-na! 
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica. 
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. 
Com todo o direito a sê-lo, ouviram? 
Não me macem, por amor de Deus! 
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? 
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa? 
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. 
Assim, como sou, tenham paciência! 
Vão para o diabo sem mim, 
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! 
Para que havemos de ir juntos? 
Não me peguem no braço! 
Não gosto que me peguem no braço.  Quero ser sozinho.  
Já disse que sou sozinho! 
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia! 
Ó céu azul — o mesmo da minha infância — 
Eterna verdade vazia e perfeita!  
Ó macio Tejo ancestral e mudo, 
Pequena verdade onde o céu se reflete! 
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje! 
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta. 
Deixem-me em paz!  Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Poemas extraídos do sitio Jornal de poesia
http://www.revista.agulha.nom.br/pessoa



Um comentário:

  1. Começaremos a discussão levando em consideração a relevância da pessoa como um indivíduo a ser respeitado. A relação entre professor/aluno deve ter a maior proximidade possível, não esquecendo as obrigações de cada um e respeitando seus espaços. Os recursos Humanos prega que deve-se trabalhar o ser na perspectiva humanística, ou seja, o indivíduo antes do profissional, assim este se tornará mais útil para a empresa.
    O professor líder deve ter visões exeqüíveis através de sua equipe ou turma, deve ser alguém que percebe as realidades como conceito e os sonhos, a reflexão do professor líder provoca tomada de consciência particular e pessoal que direciona a tarefa diária em conformidade com suas características, a liderança docente tem um saber agir responsável, que implica mobiliza integrar transferir conhecimento, que exerçam forte poder de aceitação e reconhecimento por parte de seus alunos, para que o aprendizado seja conduzido de forma mais harmônica e efetiva.
    A flexibilidade tem sido grande nos cursos de graduação, a habilidade humana trabalha com outras pessoas, compreendo e modulando, já a habilidade técnica engloba a capacidade de aplicar conhecimento na pratica, competência necessária para o exercício da docência, a aula mostrou o contexto amplo material e humano em determinados tempos e espaços: Os projetos educativos sem esquecer os interesses e valores de que os diversos grupos são portados.


    ASS: Severino Alves Neto
    Almir Alves Brasil Filho

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